Em 3h de reunião, deputados debatem melhorias na rede de proteção às mulheres
Mudanças na patrulha Maria da Penha e em concursos fizeram parte do encontro com Judiciário e Segurança
| SILVIA FRIAS E FERNANDA PALHETA / CAMPO GRANDE NEWS
Em cerca de três horas de reunião na Assembleia Legislativa, deputados estaduais, representantes da segurança e do sistema de justiça de Mato Grosso do Sul discutiram melhorias na rede de proteção às mulheres, vítimas de violência.
Em reunião na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, deputados e representantes do sistema de justiça discutiram melhorias na proteção às mulheres vítimas de violência, após o caso da jornalista Vanessa Ricarte, morta pelo ex-noivo. Propostas incluem reforço na patrulha da Lei Maria da Penha e aumento de mulheres nos concursos de segurança. Vanessa pode se tornar símbolo de mudanças na rede de proteção. Houve falhas no atendimento à jornalista, que não recebeu proteção adequada. A reunião contou com 18 deputados e autoridades de segurança e justiça do estado.
No encontro, segundo o presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Claro (PP), uma das delegadas da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) pediu afastamento do cargo durante a investigação do atendimento feito à jornalista Vanessa Ricarte, que foi morta pelo ex, no dia 12 de fevereiro. Porém, o parlamentar não citou o nome de quem seria a profissional.
Segundo o parlamentar, uma das propostas foi sobre a patrulha da Lei Maria da Penha. 'A secretaria de Segurança, através da Polícia Militar, precisa de ter esse batalhão, precisa ser criado oficialmente, precisa ter um acordo com o Tribunal de Justiça para o cumprimento do mandado [medida protetiva].
Em Campo Grande, já existe a Patrulha Maria da Penha, uma divisão da GCM (Guarda Civil Metropolitana de Campo Grande) que tem, entre as funções, visitas domiciliares e telefonemas de acompanhamento para verificar a condição de segurança e bem-estar e o cumprimento das medidas por parte dos acusados.
Outra seria sobre ampliação da participação das mulheres nos concursos do sistema de segurança.
O deputado estadual Carlos Alberto David, o Coronel David (PL), proponente da reunião, diz que, apesar da dor e do sofrimento, que Vanessa seja símbolo das mudanças na rede de proteção.
Antes do fim da reunião, o deputado estadual Paulo Duarte (PSB), também citou que foi falado sobre aumento do efetivo de policiais ou guardas metropolitanos designados para a escolta delas, quando precisam retornar para casa.
No caso de Vanessa Ricarte, segundo áudios enviados por ela a uma amiga, horas antes de morrer, uma das delegadas que a atendeu teria dito para que ela ligasse para o ex-noivo, Caio Cesar Nascimento Pereira, para que saísse de casa. A medida protetiva, pedida de madrugada, saiu à tarde, mas ele não tinha sido oficiado da determinação.
“Houve falha, é preciso corrigir o sistema e fortalecer mecanismos de proteção', disse Duarte.
O deputado disse que ele vai sugerir a criação de combate ao feminicídio e ao machismo, com palestras em escolas, mas diz saber que deve enfrentar resistência, com base no que foi dito na reunião, de que proposta semelhante foi feita em escola particular e foi infrutífera.
Somente em Campo Grande, de acordo com parlamentar, foi dito que 800 medidas protetivas foram expedidas.
No encontro, participam 18 deputados, o titular da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), Antonio Carlos Videira, a responsável pela Coordenadoria da Mulher do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), Jaceguara Dantas, o chefe da DGPC (Diretoria-Geral da Polícia Civil), Lupercio Degerone, o comandante da PM (Polícia Militar) Renato dos Anjos Garnes e o procurador-geral de Justiça, Romão Avila Milhan Junior.